Fazendeiro ALFREDO JOSÉ DOS SANTOS, exímio laçador e conhecedor
das lides campeiras, ao ser convidado, na "Selaria do Sr.Carlon" (ponto de
encontro da gauchada nos finais de tarde), para escutar um jogo de futebol,
prática comum na época de "poucos rádios", não aceitou e respondeu que
aceitaria ".....se fosse para ver quem, numa porteira de mangueira a campo
aberto fosse capaz de laçar uma novilha de encomenda, ele toparia..... ".
Desta resposta, na mesma hora surgiu a idéia de formarem um quadro de
laçadores (alguém deve ter sugerido um "time", mas prevaleceu o "quadro")
e em 14/11/1951, foi realizado o 1º treino deste "quadro", composto por:
ALFREDO JOSÉ DOS SANTOS, JOSÉ DE LEMOS PACHECO,
MANOEL EUGÊNIO DA MOTA, SEZEFREDO BERNARDINO DE LEMOS,
JOSÉ DOS SANTOS PACHECO, BENTO TELES DE ABREU,
RUI AMARANTE HONOTIO LUZ, GOMERCINDO LUZ e VIRGILIO LEMOS,
numa cancha improvisada na propriedade de ATALIBA KUZE, em Esmeralda
(esta "cancha" existe até hoje e atualmente é um potreiro da propriedade
ainda da mesma família), e contou com a colaboração dos Srs. IRINEU
NERI DA LUZ e HUGO LEMOS no empréstimo do gado.
Após este treino, surgiu o 2º "quadro" de laçadores organizado pelo
Sr. JOÃO FERREIRA DOS SANTOS com a denominação de "SÃO JORGE",
motivando assim a realização do 1ª Rodeio, ou Torneio de Laço,
como também foi chamado, de forma competitiva, em 04/02/1952 na cancha
improvisada na propriedade do Sr. JORGE TIGRE.
A partir daí, estes torneios começaram a se repetir cada vez com mais adeptos,
e com a formação de outros "quadros", em Lagoa Vermelha: do Sr. BERTICO
TELES, em Muitos Capões: do Sr. BERTO FINOCA, denominado
"MANOEL GALVÃO" e do Sr. ALBERTINO NERY DOS SANTOS.
Com o crescimento dos “quadros” e torneios foi que surgiu o 1º Rodeio
Crioulo da Vacaria, em 1958, idealizado por GETULIO MARCANTONIO,
então Patrão do CTG Porteira do Rio Grande, que foi o precursor dos atuais
rodeios que se espalharam por todo Estado, inclusive com a criação de regras
básicas que foram copiadas e até hoje permanecem, como a armada de oito
metros, as quatro rodilhas e a extensão da cancha.
Assim, surgiu o tiro de laço competitivo, reconhecido pelo 47º Congresso
Tradicionalista realizado em Caxias do Sul no ano de 2002, como o inicio
dos Rodeios no Estado do Rio Grande do Sul. Antes disso foi aberta a
discussão para todo o Estado, solicitando que enviassem ao MTG documentos
comprobatórios da realização de algo semelhante, em algum outro município
antes de 1952.
Nada foi comprovado, levando o tradicionalista, Luiz Carlos
Bossle da Costa, a encaminhar ao referido Congresso a proposta para este
reconhecimento ao atual Município de Esmeralda.
Das pessoas que participaram e colaboraram para esta primeira iniciativa,
o único que ainda se encontra no nosso convício é o Sr. IRINEU NERI DA
LUZ, residente em Esmeralda, produtor rural e ainda atuante no movimento
tradicionalista local.
"Com certeza se não tivesse ocorrido o fato de 14/11/1951 em Esmeralda,
outros teriam tido a mesma idéia.....mas também temos que refletir sobre
a possibilidade de que não houvessem "outros", neste caso o que teria
acontecido com a nossa Cultura Campeira.....? Quantas coisas perdemos
por falta de iniciativas como esta.....quantas coisas esquecemos por falta
de alguém que mantenha vivas as manifestações tradicionais.... ? Por isso
devemos reverenciar quem fez ou auxiliou a fazer alguma coisa para manter
viva nossa Cultura, e temos que homenageá-los enquanto estão conosco
para que possamos conviver e compartilhar de seus registros e histórias, o
movimento é movido a histórias e registros, não podemos esquecer isso nunca,
e nem deixarmos no anonimato os poucos que ainda possuem estes registros e
vivenciaram em loco o que hoje faz parte da nossa historia."
Texto: HÉLIO DOS SANTOS FERREIRA – 8ª RT – SECRETÁRIO GERAL DO MTG/2011.
Fontes de pesquisa: RAIZES DE VACARIA I ANAIS DO 47º CONGRESSO TRADICIONALISTA
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